Curva de adição de padrão versus curva analítica

Curva de adição de padrão versus curva analítica

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Desmistificando as curvas analíticas e as curvas de adição de padrão (ou adição de analito) com respeito ao fato de descontar ou não o sinal do branco.

A curva analítica é como uma régua. Se a régua estiver quebrada, digamos abaixo da marca de 10cm, você ainda pode usar a régua, não pode? Basta medir a partir dos 10cm, considerando o número 10 como sendo o zero.

Assim, se um objeto medir 12cm, você saberá que ele tem 2cm e não será preciso refazer a escala da régua, subtraindo 10 de todos os valores, basta subtrair 10 da medida do objeto. Isto porque a escala é linear e não existe nenhum fenômeno alterando a escala da régua ao longo de sua medição.

Agora imagine uma curva analítica onde o eixo y é a medida em cm da régua quebrada e o eixo x o valor da medida correta. Você terá uma reta que para x igual a zero, y é igual a 10, ou seja, y = x + 10. Se você jogar no eixo y um valor de 14,5, este valor dará um valor de 4,5 para x que é o tamanho do objeto. O branco neste caso é o sinal que está empurrando linearmente todos os valores para cima em 10 unidades.

Se você subtrair 10 de todos os valores do eixo y, sua reta se deslocará para baixo e passará pela origem, ou seja, sua reta será y = x, mas note que nada acontecerá com os valores do eixo x. Assim, da sua leitura de 14,5 deveria ser subtraído o valor 10, dando 4,5 que é o tamanho do objeto.

AGORA MUITA ATENÇÃO:
A curva de adição de padrão tem uma característica diferente, que é ter um sinal do analito proveniente da amostra sobreposto ao sinal do padrão, com exceção do primeiro balão. Tanto um quanto outro estão sendo afetados de uma forma não linear (multiplicativa) devido à matriz, ou seja, a interferência afeta a inclinação da curva. Quando não se tem interferência de matriz o sinal é simplesmente deslocado linearmente para cima. O porque da matriz afetar o sinal analítico é dependente do tipo de técnica que está sendo empregada para a análise.

Assim, na curva de adição, cada balão que dará cada ponto curva possui uma quantidade de analito da amostra constante, mas quantidades crescentes de analito vindo do padrão. O sinal analítico (eixo y) está sendo “empurrado” para cima, em cada ponto, mas de uma maneira não linear por causa da matriz.

Diferentemente da curva analítica, aqui você não terá um valor de y para a leitura da amostra para jogar na equação, pois a amostra é o primeiro ponto da curva. Aqui você quer determinar o valor de x para y igual a zero, que é a extrapolação da curva para o eixo x. Esse valor de x é a concentração do analito vindo da amostra que está presente em todos os balões que foram preparados.

Desta maneira, a sua reta da curva de adição terá uma equação y = mx + k e o que você quer determinar é x, que será igual, em módulo, a -k/m. Se você não subtrair o branco, sua reta passará a ter uma equação igual y = mx + k + sb (onde sb é o sinal do branco). No exemplo da régua quebrada, a equação seria y = mx + k + 10. Note que agora se você tentar determinar o valor de x será: x = (k + 10) / m, que é bem diferente (e maior) do valor correto que seria x = k / m.

O que eu falo para os alunos é: se não entendeu a diferença entre a curva analítica e a curva de adição, basta subtrair o branco nos dois casos que não haverá erro. Só terá o trabalho de subtrair desnecessariamente o valor do branco de todas as leituras, tanto dos padrões quanto das amostras.