SIMBIOSE

Conforme destacado acima, a dureza ou moleza de um sítio ácido ou básico não é uma propriedade inerente de um átomo em particular naquele sítio, mas pode ser influenciado pelos átomos substituintes. A adição de substituintes moles, polarizáveis, pode amolecer um centro duro e a presença de substituinte elétron-retirantes pode reduzir a moleza de um sítio. O átomo de boro ácido é intermediário entre duro e mole. A adição de três átomos de flúor duros, eletronegativos, endurece o boro e o torna um ácido de Lewis duro. E inversamente, a adição de três átomos de hidrogênio, moles, pouco eletronegativo, amolece o boro é o torna um ácido de Lewis mole. Exemplos da diferença na dureza entre estes dois ácidos de boro:

R2SBF3

+

R2O

R2OBF3

+

R2S

(57)

R2OBH3

+

R2S

R2SBH3

+

R2O

(58)

De modo similar, a molécula dura BF3 vai preferir se ligar a um outro íon fluoreto, mas o ácido mole BH3 vai preferir o íon hidreto mais mole:

BF3

+

F-

BF4-

   

(59)

B2H6

+

2 H-

2 BH4-

   

(60)

Em uma reação competitiva, portanto, a seguinte reação vai ocorrer para a direita:

BF3H-

+

BH3F-

BF4-

+

BH4-

(61)

Os metanos fluoretados, isoeletrônicos com os acima, se comportam de maneira similar:

CF3H

+

CH3F

CF4

+

CH4

(62)

Jörgensen referiu-se a esta tendência dos íons fluoretos em favorecer a coordenação por um quarto fluoreto (o mesmo é verdade para hidretos) como "simbiose". Embora outros fatores possam funcionar se opondo à tendência simbiótica, ele tem efeito amplo na química inorgânica e ajuda a explicar a tendência dos compostos serem substituídos de modo simétrico em vez de terem substituintes misturados.